quarta-feira, 22 de junho de 2011

Zabé

Obra exposta em galeria de Olinda jan/2010

A máquina véia que custurou a calça de Antoio

A camisa da Belinha e a saia da Zulmira

A máquina véia que pedalou noite e dia

Para vestir a famiarada

Hoje empoleirada

Empoeirada nos guardados

As aranha fazendo festa

Casa de linha e labirinto.


- Minino, num entra aí não

Deixa em paz os trecos de Zabé

Os retaios de chitas e de tergal

Os ticidos, ticidos no tear


Os óios quase cego de Zabé

O camisolão cubrindo o corpo magro

As mãos calejadas dedilhando o terço

Uma vida e seu preço

Os óio quase cego

Oia e não vê os terens jogado no tempo

E se visse: meu Deus!

sábado, 18 de junho de 2011

Universos

Universos

Ela havia lido tantas coisas

Ela havia lido tantas coisas...
(para Jujú, amiga inesquecível)

estrelas cintilantes

bússolas orientais

folhas de chá

mapas astrais

palmas das mãos

ruas transversais

plantas dos pés

verdades universais

bulas de remédios

visões paranormais.

Ela havia lido tantas coisas...


revistas de fotonovelas

obituário nos anais

placas de sinalização

processos criminais

revistas em quadrinhos

textos de jornais

literatura de cordel

bebido dos mananciais.

Ela havia lido tantas coisas...

desenhos nas cavernas

processos culturais

colagens fotográficas

figuras ocidentais

filigranas nos lençóis

temperaturas corporais

passos na areia

rastros de animais.

Ela havia lido tantas coisas...

trilhas no cerrado

imagens virtuais

búzios encantados

programas matinais

artefatos primitivos

estações siderais

crateras lunares

fossas abissais.

Ela que havia lido tantas coisas queria ler mais...


ler a própria alma

moléculas existenciais

tocar pela presença

marcas visuais

ler pela a ausência

redutos espirituais

visões sistêmicas

ideologias marginais.

domingo, 12 de junho de 2011